24 de setembro de 2007

A última flor - James Thurber

"A décima segunda Guerra Mundial, como todos sabem, trouxe o colapso da civilização.
Vilas, aldeias e cidades desapareceram da Terra.
Todos os jardins e todas as florestas foram destruídas
E todas as obras de arte.
Homens, mulheres e crianças tornaram-se inferiores aos animais mais inferiores. Desanimados e desiludidos, os cães abandonaram os donos decaídos.
Encorajados pela pesarosa condição dos antigos senhores do mundo, os coelhos caíram sobre eles.
Livros, pinturas e música desaareceram da Terra e os seres humanos ficavam sem fazer nada, olhando no vazio. Anos e anos se passaram.
Os poucos sobreviventes militares tinham esquecido o que a última guerra havia decidido.
Os rapazes e as moças apenas se olhavam indiferentemente, pois o amor abandonara a Terra.
Um dia uma jovem, que nunca havia visto uma flor, encontrou por acaso a última flor que havia no mundo.
Ela contou aos outros seres humanos que a última flor estava morrendo.
O único que prestou atenção foi um rapaz que ela encontrou andando por ali.
Juntos, os dois alimentaram a flor e ela começou a viver novamente.
Um dia uma abelha visitou a flor. E um colibri.
E logo havia duas flores, e logo quatro, e logo uma porção de flores.
Os jardins e florestas cresceram novamente.
A moça começou a se interessar pela própria aparência.
O rapaz descobriu o quanto era bom tocar a moça.
E o amor renasceu para o mundo.
Os seus filhos cresceram saudáveis e fortes e aprenderam a rir e brincar.
Os cães retornaram do exílio.
Colocando uma pedra sobre outra pedra, o jovem descobriu como fazer um abrigo.
E imediatamente todos começaram a construir abrigos. Vilas, aldeias e cidades surgiram em toda parte. E a Canção voltou para o mundo.
SUrgiram trovadores e malabaristas.
Alfaiates e sapateiros
pintores e poetas
e soldados
e soldados
e soldados
e soldados
e tenentes e capitães
e coronéis e generais
e líderes!
Algumas pessoas tinham ido viver num lugar, outras em outro. Mas logo as que tinham ido viver na planície desejavam ter ido viver na montanha. E os que tinham escolhido a montanha preferiam a planície.
Os líderes, sob a inspiração de Deus, puseram fogo ao descontentamento.
E assim o mundo estava novamente em Guerra.
Desta vez a destruição foi tão completa que absolutamente nada restou no mundo.
Exceto um homem
Uma mulher

E uma flor."

Texto extraído do livro "O Homem do Princípio ao Fim" de Millôr Fernandes.

22 de setembro de 2007

o que É amor

"agora ficamos (pelo menos eu fico) no aguarde para saber oq é amor pra vc? muito já se falou, é verdade.. mas o amor tem uma definição pessoal, subjetiva e intransferível, pra vc, ou to errado?"

Atendendo ao pedido d'O vencedor, grande amigo Gabriel, responderei agora o que É amor, na minha concepção e desde já solicito (^^) a definição de amor dele e da ninemenina.
^~

Here we go!
Como o Gabriel já introduziu no comentário que fez na penúltima postagem do meu blog, tenho minha própria definiçã do amor, subjetiva e intransferível ^^. Acho que, como disse no orkut, ninguém "ama igual". Se todos os amores fossem iguais, todos nos casaríamos com a primeira pessoa que amássemos.
Tem tantos tipos de amor, e tantas formas de amar. Mas nenhuma menor que a outra, nenhuma mais importante que a outra.
Eu sei que amo alguém quando, ao lembrar dessa pessoa, sinto vontade de sorrir. Uma vontade que vem lá de dentro, como se meu coração dissesse que aprova esse pensamento. Aquele amor puro, que você sente por aquela pessoa que traz felicidade pra sua vida pelo simples fato de existir.
É o amor de amigo, inabalável, e quase (mas não) incondicional. Já tentei parar de perdoar os erros de pessoas amigas que me magoavam, mas o amor me ensinou que mesmo a pessoa amada comete erros e que não sinto amor por alguém se os defeitos dessa pessoa me chamam mais a atenção que suas qualidades.
Mas tem aquele outro amor, que dói mesmo quando correspondido. A dor gostosa, da saudade, do desejo, da paixão. O amor completo. A pessoa amada é tudo... O amigo, o amante, o inimigo, o adversário, o cúmplice, a vítima, o bandido. A pessoa amada traz tudo... Carinho, afeto, paz, sossego, ansiedade, nervosismo, raiva, 'descontrole'. O amor é extremo. É um eterno estado de insatisfação. Quanto mais se tem, mais se quer.
Sentimos vontade de viver uma coisa de cada vez, mas ansiamos a realização de novos projetos que parecem distantes e urgentes. Sabemos que o hoje só pode ser vivido hoje, mas a possibilidade de passar o resto da vida ao lado da pessoa é deliciosa e acelera o coração. Quer-se viver a eternidade todos os dias.
Amar é apaixonar-se todos os dias pela mesma pessoa. É amar-se ainda mais por saber que só você faz seu amor feliz e que só poderia ser você, e mais ninguém, a viver aquele momento daquela maneira ao lado daquela pessoa.
Amar é ver e querer tocar. Tocar e querer sentir o perfume. Sentir o perfume e querer abraçar...ter o abraço e querer o beijo. E, ao ter o beijo, querer o corpo. E ao ter o corpo, querer estar dentro do corpo. E ao estar no corpo, querer ser o corpo. É querer viver hoje todo o futuro que têm pela frente.
Amar hoje significa, necessariamente, amar amanhã. Mas não depois de amanhã. A utopia da eternidade é inerente ao amor, mas o amor nasce, e o amor morre. Precisa de cuidados. Se não da pessoa que se ama, dos seus cuidados. O amor não precisa ser recíproco pra sobreviver. O amor precisa ser amado. Enquanto você for feliz pelo amor que sente, independente da reciprocidade, você vai amar. Mesmo que o amor traga dor, se você quiser amar, vai amar. Tem que abrir mão da vontade de ser feliz exclusivamente com aquela pessoa pra deixar de amar. Amor é escolha. Não escolha do cupido, não escolha do destino. Não se escolhe quem ama, verdade. Mas somos completamente capazes de escolher quem não amamos.
E 'não amar' não significa 'esquecer'; quem ama nunca esquece.
Shakespeare fala, no soneto 116 (já postado aqui no blog) que o amor verdadeiro é eterno. Vinícius de Moraes fala, no soneto de fidelidade, que o amor é chama, e que, por isso, é finito. São diferentes formas de amar. Vinícius nunca teria feito Shakespeare feliz. Eles terminariam e Shakespeare, preso ao conceito de que amor é eterno, passaria a eternidade sofrendo. Mas Vinícius não ama menos que o William. Nem mais. Ele ama diferente. Como eu amo diferente de você.
Todos são insubstituíveis, mas não indispensáveis. Há tantas pessoas que vivem FELIZES sem conhecer a pessoa que você ama. Por que você não pode?

E é assim que é o meu jeito de amar ^^.
Satisfeito, Gabriel?

bêjo :*

Aos Garotos de Aluguel - Poléxia

greetz a paôlla, mais uma vez, pelo envio do vídeo.

21 de setembro de 2007

O que nao e amor

O que não é amor... Já falou-se tanto em amor, amizade e paixão... que tal falarmos do que NÃO é amor ?
Se você precisa de alguém para ser feliz, isso não é amor. É carência.
Se você tem ciúme, insegurança e faz qualquer coisa para conservar alguém ao seu lado (mesmo sabendo que não é amado) e ainda diz que confia nessa pessoa, mas não nos outros, que lhe parecem todos rivais, isso não é amor. É falta de amor próprio.
Se você acredita que "ruim com ela(e), pior sem ela(e)", e sua vida fica vazia sem essa pessoa; não consegue se imaginar sozinho e mantém um relacionamento que já acabou só porque não tem vida própria - existe em função do outro - isso não é amor. É dependência.
Se você acha que o ser amado lhe pertence; sente-se dono(a) e senhor(a) de sua vida e de seu corpo; não lhe dá o direito de se expressar, de ter escolhas, só para afirmar seu domínio, isso não é amor. É egoísmo.
Se você não sente desejo; não se realiza sexualmente; prefere nem ter relações sexuais com essa pessoa, porém sente algum prazer em estar ao lado dela, isso não é amor. É amizade.
Se vocês discutem por qualquer motivo; morrem de ciúmes um do outro e brigam por qualquer coisa; nem sempre fazem os mesmos planos; discordam em diversas situações; não gostam de fazer as mesmas coisas ou ir aos mesmos lugares, mas sexualmente combinam perfeitamente, isso não é amor. É desejo.
Se seu coração palpita mais forte; o suor torna-se intenso; sua temperatura sobe e desce vertiginosamente, apenas em pensar na outra pessoa, isso não é amor. É paixão.
Agora, sabendo o que não é amor, fica mais fácil analisar, verificar o que está acontecendo e procurar resolver a situação. Ou se programar para atrair alguém por quem sinta carinho e desejo; que sinta o mesmo por você, para que possam construir um relacionamento equilibrado... Sabendo o que sentem, sem mentir ou se iludir. Ai sim, o amor pode aparecer. :D


greetz: Paolla por ter enviado o texto :D